Recomeços

Quando eu criei esse blog eu estava no meio de um furacão emocional. Não sabia muito bem qual era o propósito, além do simples fato de me distrair e servir como uma espécie de diário. O foco era o autismo, especificamente o autismo do meu filho. Mas, a vida passou, as coisas por um tempo ficaram bem difíceis e eu deixei de postar. Hoje, além das muitas mudanças no processo de desenvolvimento do meu filho, ocorreram tantas outras mudanças no meu desenvolvimento como mãe, como mulher, como pessoa. Essas mudanças foram em vários aspectos, mas as principais são de ordem emocional e social.
Descobri de uma forma extremamente dolorosa o custo de não olhar para nós mesmas, de não separar a mãe do indivíduo. Essa persona, mãe, consome muito do nosso dia a dia, e se formos mães de crianças com algum tipo de desordem ou distúrbio, isso se intensifica. Mas na verdade, o ser mãe é algo que a sociedade estereotipou de tal forma, que nos cobramos a cada desvio da estrada convencional, e essa cobrança é real, sufocante e desumana. Não somos anjos. Não somos heroínas. Somos apenas humanas. E essa "missão divina" de criar um filho é papel da família, não exclusividade materna. Sim, a mãe está encarregada de gerar e parir esse ser humaninho, mas após o nascimento, essa função deve ser atribuída com igual responsabilidade por todos aqueles envolvidos na vida da criança. "É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança" (ditado Africano). 
Então, vamos tentar recomeçar. Com calma. Quem sabe minhas palavras possam ecoar e continuar me dando forças e serenidade (um ideal que um dia alcanço) para continuar essa caminhada, de mãe, mas principalmente de uma mulher que precisa ser forte, mas que também pode ser triste, ter dúvidas, sonhos e objetivos individuais, como qualquer outra pessoa.

Comentários